domingo, 10 de novembro de 2013

Síndrome de Cushing



   A síndrome de Cushing, também conhecida como hipercortisolismo ou hiperadrenocortilismo, é um conjunto de sinais e sintomas que indicam a presença elevada de cortisol no sangue, seja ela pela produção excessiva do hormônio pela glândula Adrenal, por ingestão medicamentosa, ou ainda, como já falado anteriormente neste blog, estresse.



            O cortisol é um hormônio esteroide produzido pelo córtex da Adrenal, fato que o classifica como um corticoide. Sua produção é vinculada ao estimulo do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula hipófise e suas funções são, primordialmente: aumento do açúcar sanguíneo pela gliconeogênese, aceleração do metabolismo de várias biomoléculas, tais como os lipídios, carboidratos e proteínas.
            Tendo em vista o supracitado, essa síndrome pode ser causada tanto de forma exógena, por meio da ingestão de medicamentos corticoides, como prednisona e prednisolona (medicamentos geralmente ligados a tratamentos de asma e artrite reumatoide), como também endógena, onde se dá por disfunções na glândula Adrenal e/ou exposição a níveis muito altos de estresse. Existe relação entre tais disfunções e tumores na glândula adrenal, sendo que ela pode advir de tumores ou ainda pode vir a causá-los.
     Os sintomas da síndrome consistem em rápido ganho de peso, particularmente do tronco e face, excluindo-se os braços e pernas, que se mantém com pequenos diâmetros. Um sinal comum é o crescimento dos depósitos de gordura ao longo da clavícula e na parte posterior do pescoço e uma face arredondada (chamada corriqueiramente de face de lua) . Outros sintomas incluem a hiperidrose – transpiração anormal, desnecessária para a regulação da temperatura corporal –, dilatação dos capilares, afinamento da pele – que provoca secura e hematomas, principalmente nas mãos. Pode ocasionar estrias no tronco, nádegas, braços, pernas ou seios, fraqueza muscular, hirsutismo – crescimento de pelos faciais de padrão masculino nas mulheres –, calvície ou cabelos extremamente secos e quebradiços. Em casos raros pode causar hipercalcemia – altos níveis de cálcio no sangue –, que pode levar a necrose da pele.


           Além disso, pode-se identificar como sinais da doença a poliúria – produção excessiva ou anormal de urina.
            Um sintoma bastante relevante, dada a temática central “Açúcar” é a deficiência na tolerância à glicose, resistência à insulina e o possível desenvolvimento de diabetes mellitus de tipo 2 . A resistência à insulina é acompanhada por alterações da pele, como acantose nigricans – escurecimento da pele – na axila e ao redor do pescoço, bem como marcas na pele da axila.
            O tratamento de Cushing’s ainda é um estudo em progresso e de bastante vanguarda na área da endocrinologia, sendo que a hipofisectomia parcial é aceita como o tratamento ideal (BERTAGNA & GUIGNAT, 2013), pois permite uma boa chance de 100% de sucesso, e ainda, caso falhe, permite outras formas de tratamento medicamentoso.
             Entretanto, existem, como estes próprios autores estudam neste artigo, casos onde mesmo após uma, ou até mais cirurgias, há recorrência da doença. Isso se dá por diversos motivos, dentre eles: dificuldade do acesso transnasal, que facilita a execução de uma dissecação imperfeita pela equipe cirúrgica, no caso de tumores; o crescimento de tumores para dentro dos seios esfenoidais, o que faz com que eles dificilmente sejam retirados em sua totalidade e reincidam; ainda o possível erro de diagnóstico, no que concerne a crescimentos tumorais.
            Há também, estudos bastante recentes que pesquisam a ação demedicamentos que funcionam como antagonistas dos receptores de glicocorticoides, tais como a Mifepristone, que em um estudo concluído com 34 pacientes apresentando vários históricos (tais como pós-cirurgia transesfenoidal, após recebimento de radioterapia, entre outros), apresentou melhora em 88% dos pacientes após 24 semanas de tratamento. (BRAUNSTEIN, et al. , 2013).
   
P.S. : O vídeo a seguir ilustra a técnica de acesso transesfenoidal para tumores na hipófise. 
    ( A operação é feita por dois cirurgiões, um otorrino, que faz o acesso ilustrado no vídeo, e um neurocirurgião, que entrará após a exposição da hipófise. O vídeo se encerra com o cirurgião otorrino afirmando que a partir daquele ponto entrará o neurocirurgião. )





BIBLIOGRAFIA      
 
BERTAGNA, Xavier;  GUIGNAT, Laurence. Approach to the Cushing's Disease Patient With Persistent/Recurrent Hypercortisolism After Pituitary Surgery.  Disponível em : < http://jcem.endojournals.org/content/98/4/1307.long > Acesso em : 06/11/2013

BRAUNSTEIN, Glenn D., et al. Global clinical response in Cushing's syndrome patients treated with mifepristone.  Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/cen.12332/full > Acesso em: 06/11/2013
GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Textbook of Medical Physiology. 11th Edition. Pennsylvania: Elsevier Saunders,2006.

WILKINSON, Allan B. Cushing’s Syndrome. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1574387/pdf/califmed00180-0079.pdf>. Acesso: 30/09/2013

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